CNS e mais de 32 organizações apresentam Nota de Repúdio contra declarações da ex-ministra Damares

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    A ex-ministra Damares Alves, da pasta da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, afirmou que crianças residentes da Ilha de Marajó, no Pará, seriam vítimas de exploração sexual e tráfico humano entre as fronteiras. Também disse que as mesmas teriam entre três e quatro anos de idade, seus dentes eram arrancados para “não morderem na hora do sexo oral” e que bebês de oito dias eram estuprados, filmados e os arquivos eram vendidos por até R$ 100 mil, alimentando uma rede ilegal de pedofilia.

As declarações aconteceram durante uma reunião religiosa, no último dia 8 de outubro, na Assembleia de Deus do Ministério Fama, em Goiânia (GO). Porém, ao invés de cumprir sua função social de fé e liberdade religiosa, a oportunidade foi utilizada como palanque eleitoral para a reeleição do presidente Jair Messias Bolsonaro (PL).

Em decorrência de todas estas declarações, até o momento sem provas apresentadas, com cunho eleitoreiro e que reforça práticas antiéticas, o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) torna pública a NOTA DE REPÚDIO, elaborada junto a mais de 320 movimentos sociais.

    O CNS entende que a população de Marajó foi utilizada simplesmente como manobra eleitoral, mas prejudicada e agora mais estigmatizada historicamente. Antes vítimas do modelo desigual de desenvolvimento social e econômico do país, que centraliza recursos e distribui misérias para as regiões do Norte e Nordeste, os moradores da Ilha agora também são foco de declarações preconceituosas, sem provas que as sustentem.

    O CNS reforça que o objetivo não é omitir o problema ou reduzi-lo, mas sim de tratá-lo verdadeiramente como pauta pública, algo que a ex-ministra não demonstrou interesse em sua gestão, iniciada em 2019 e finalizada neste ano. Além disso, o “maior programa de desenvolvimento da Amazônia”, intitulado “Abrace o Marajó”, foi duramente criticado pela sociedade marajoara e por especialistas, seja pela forma autoritária, racista e elitista de conceber desenvolvimento para uma região historicamente atravessada pela desigualdade social e econômica, seja pela ausência da participação popular como se deseja num ambiente democrático e civilizatório. Também sequer apresentava definição de recursos, cronograma e consulta prévia à população.

    “O CNS reivindica políticas públicas consistentes, comprometidas com o fortalecimento do Sistema de Garantia de Direitos, ampliando a proteção às crianças e adolescentes, assim como a garantia de Orçamento Público às instituições competentes como Programa de Estado e não de Governo. Ou seja, compreendê-la no âmbito de um contexto histórico, que enfatiza a justiça social e a dignidade humana em uma região marcada pela violação em muitos de seus aspectos históricos, culturais, educacionais, de geração, de classe social, de condições econômicas de sobrevivência, entre outras problemáticas. O CNS ainda deixa sua solidariedade à população de Marajó e reforça seu compromisso com a integridade física e moral dos povos da Amazônia”, comentou Letícia Santiago, Secretária de Juventude do CNS.


Assinam a nota:

1. Conselho Nacional das Populações Extrativista do Pará

2. Comissão de Justiça e Paz de Breves

3. Coletivo de Pretas e Pretos do Arquipélago do Marajó (CPPAM)

4. Faculdade de Serviço Social - UFPA /Campus Marajó do Breves

5. Vice-presidente do Memorial Chico Mendes

6. Programa Direitos Humanos, Infâncias e Diversidade no Arquipélago do Marajó

(DIDHAM)

7. Projeto Memória de Idosos, Saberes e Direitos (PROMEI)

8. Programa Redes de Comunidades Ribeirinhas (PRCR)

9. Núcleo de Estudos sobre Etnopolítica e Territorialidades na Amazônia (NETTA)

10. Rede de Pesquisa sobre Pedagogias Decoloniais na Amazônia

11. Grupo de Estudos sobre Universidade (GEU/UTFPR)

12. Programa Coroatá UFPA

13. Jornal Marajó

14. Grupo de Estudos, Pesquisas e Práticas em Educação na Amazônia (GEPEA/UEAP)

15. Federação de Trabalhadores Rurais Agricultores Agricultoras Familiares do Estado do

Pará/FETAGRI-PA

16. Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Infância e Filosofia - GEPEIF/UFPA

17. Movimento Filhas de Leila/MFL-Curralinho.

18. Jorge Antônio Lima de Jesus - GEPPEGE/UFPA

19. Frente Evangélica Pelo Estado Democrático de Direitos - FEED -PA.

20. Rede Amazônia Negra

21. Associação dos Cientistas da Religião do Pará

22. Irmãs de Notre Dame de Namur - Província do Brasil

23. Observatório do Marajó

24. Instituto Mãos de Ouro

25. CPT Marajó

26. CPT Regional Pará

27. Centro Artístico Cultural Belém Amazônia - ONG Rádio Margarida

28. Povo Sem Medo/Breves

29. Juventude Manifesta/Breves

30. Fórum Paraense de Educação do Campo

31. NUCRESS/Marajó

32. SINTEPP-Breves

33. Brunno Aranha e Maranhão - Defensor Público




Blog Neidinha Maciel
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Fonte: Assessoria de Comunicação - ASCOM

 

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