Pe. Alberto Panichella (65), vem realizando um trabalho de missão libertadora em Atalaia do Norte-Amazonas, altos do Rio Solimões, na divisa com o Peru à cerca de 1.200 km a Oeste de Manaus. Segundo o Padre missionário, por conta da pandemia a atual realidade é que o vírus vem avançando com uma média de trinta novos casos por dia, devido o alto índice de casos. De 13.000 (mil) moradores, somam mais de 2.400, cerca de 15% da população afetadas com a Covid-19.
Ele disse ainda que os indígenas das aldeias também foram afetados com o vírus. A situação está tão grave que praticamente todo município já está em estado de no lockdown decretado pela Prefeitura do município.
O bispo da diocese Dom Adolfo, publicou um comunicado suspendendo todas as atividades pastorais, sociais e missionárias, permitindo apenas rezar as missas aos domingo, dar subsídios e apoios às famílias para poderem rezar e dialogar. Está permitido também ação social para a distribuição de cestas básicas às famílias em estado de vulnerabilidade, ação estas realizadas pela Caritas paroquial.
Pe. Alberto disse ainda, que as comunidades indígenas estão sofrendo muito e nos relatou um fato ocorrido.
"Vou contar sobre uma missão realizada no dia 25 de fevereiro, o fato ocorreu em uma maloca da etnia Marúbo. Neste dia bateram na porta do meu quarto, na minha hora de descanso após almoço, a irmã Joselma, acompanhada por um indígena que não me recordo o nome, mas que falava muito bem o português. Eles foram me pedir para abençoar um parente que estava morrendo. O doente em fase terminal estava enfermo devido uma mordida de cobra há anos e que nunca havia sarado. O fato inédito pra mim é que o doente Sr. José Nascimento da etnia Marúbo era um Pajé, e ministro da religião de sua etnia, e pediu que chamassem um Padre. No passado ele não aceitava remédios dos ocidentais por preferir a medicina tradicional natural. O médico não realizava as visitas, aproximadamente três meses. A aldeia fica à 8km do município Atalaia do Norte e a estrada, é uma BR estreita, reduzida a barro e cheia de profundos buracos e atoleiros de lama. Eu fui com a minha moto dirigida por um bom motorista jovem, em uma aventura com meia hora. Quando chegamos entramos na "Maloca do Santiago" (nome dado à maloca), um local pequeno, fechado e bem escuro, acho que ninguém ali falava português, a não ser o indígena que havia me buscado com a irmã Joselma. Toquei no doente, apesar do perigo do vírus rezei com muita fé, li um trecho do evangelho de João sobre as moradas no céu e comentei com eles sobre a vida, o pedido de saúde a morte e a esperança da ressurreição. Eu falava olhando para o pajé. O amigo indígena que falava português realizou a tradução. No pequeno espaço havia treze redes penduradas, na maloca todos eram fiéis à cultura Marúbo. Dei a benção emocionado e me despedi. Dois dias depois o José (Pajé) faleceu. Deus o acolheu na felicidade sem fim", disse o Padre Italiano
Sobre o município de Atalaia do Norte, interior do Amazonas
Os habitantes originais da região eram os índios Mangeronas, Ticunas e Marúbas. Em 1938 foi criado o distrito de "Remate de Males", subordinado ao município de Benjamin Constant. Foi elevado à categoria de município com a denominação de Atalaia do Norte pela lei estadual nº 96 de 19 de dezembro de 1955.
Atalaia do Norte é um município brasileiro do interior do estado do Amazonas, Região Norte do país. Pertencente à Mesorregião do Sudoeste Amazonense e Microrregião do Alto Solimões, localiza-se a sudoeste de Manaus, capital do estado, distando desta cerca de 1 136 km.
Ocupa uma área de 76 354,985 km² e sua população, estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2020, era de 20 398 habitantes, sendo assim o quadragésimo segundo município mais populoso do estado do Amazonas e o oitavo de sua microrregião.
O município de Atalaia do Norte é mundialmente conhecido por abranger grande parte da Terra Indígena Vale do Javari, a qual é a maior reserva de índios isolados do mundo, além de ter sido o local de uma das maiores quedas cósmicas da história moderna, que ficou conhecida como Evento do Rio Curuçá.
Sobre a etnia Marúbo
Os marúbos são um grupo indígena da família pano, que habita o Sudoeste do estado brasileiro do Amazonas, mais precisamente a Área Indígena Vale do Javari. Junto com os Corubos, os Matises e os Matsés, são denominados de modo genérico de Maiorunas.
Fonte: Pe. Alberto Panichella
Blog Neidinha Maciel
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