Para aonde vão os CMDRS?

(Foto: Divulgação)

A palavra CONSELHO   é familiar aos que gravitam em torno do ambiente profissional da administração pública. Como diz o nome, não tem poder e força de mando, embora suas recomendações são aconselháveis que sejam atendidas. Os Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável - CMDRS - estão no rol dos que foram criados, institucionalizados, instalados e até chegaram a funcionar por algum tempo. Neste momento estão como sementes, em dormência. 

Em 1997, o governo do Estado implantou o Programa que chamou de 3º Ciclo, com a intensão de governar as demandas municipais em estreita sincronia com os Prefeitos. O Programa trabalhou com ações nas áreas de educação, saúde, fornecimento de energia elétrica, abastecimento de água e desenvolvimento de atividades econômicas nas cidades do interior, com as decisões sendo tomadas pelos Prefeitos (A CRÍTICA, 7.3.97).  Até criaram estratégia adequada que incluiu a criação de organização municipal responsável por atividades de comercialização. Poucos prefeitos se destacaram com a aplicação correta e inteligente do Programa.

Ao final do mandato, a avaliação que o governador Amazonino Mendes fez, foi de profunda decepção, com os resultados e com os informes que teve dos desvios de finalidade dos recursos financeiros liberados.

Os Conselhos, formados por representações de organizações governamentais das três esferas e organizações representativas da sociedade civil, existem para diminuir a distância entre os recolhedores de impostos e os aplicadores dos recursos. Teoricamente, as casas legislativas têm como principal razão de ser, a função de fiscalização do exercício das funções do executivo, no entanto, aprendemos cedo que na prática, nem tudo É o que deveria SER.

Os Conselhos vieram para diminuir o tamanho do fosso que separa a administração pública, do cidadão. Eles são visíveis, cobiçados e “funcionam”, proporcionalmente ao montante de dinheiro que fica á sua disposição para decidir sobre a aplicação.  Estão nesse grupo os de Educação e Saúde. Os CMDR` s, estão no grupo dos que vêm sempre DEPOIS ou nunca vêm, dependendo da competência, visão e compromisso do Prefeito com a coisa pública, ou do grau e da força da pressão de instâncias superiores aos governos municipais, o federal e o estadual.

Dos 62 municípios do Estado, instalaram-se até 2016, 41 CMDRS, com maior ou menor grau de institucionalidade, em 7 Territórios. Não chegaram a instalar-se em municípios localizados ao longo do médio Rio Solimões, de Maraã até Manacapuru, onde caberiam outros 3 Territórios. Mais do que em muitos outros Estados, aqui a atuação com recortes territoriais tem muito mais sentido, diante das nossas distâncias, dificuldades de deslocamento, altos custos de movimentação e da exigência de planejamento com base no zoneamento econômico e ecológico.

Com as mudanças na forma e no conteúdo das políticas públicas federal e estadual, a partir de setembro de 2016, os CMDRS` s definharam em vários municípios, em outros, simplesmente eclipsaram-se.

O CMDRS é o fórum adequado para receber dados e informações do que está acontecendo e vai acontecer no ambiente rural do município, com relação a ação governamental e quanto aos resultados da atuação das organizações associativas, sindicais, cooperativas, colônias de pescadores. As organizações governamentais estão sempre a postos, com suas estruturas funcionando normalmente, mas o que dizer das organizações da chamada sociedade civil?

Nestes primeiros 50 anos de implantação dos serviços de Extensão Rural (1967), Crédito Rural, Ensino Agrícola de 2º e 3º graus e pesquisa agrícola, avançamos tão lentamente que mal nos damos conta do que realmente avançamos.

Em 82 tivemos a primeira operação de crédito rural associativo via FNO ESPECIAL, através do Banco da Amazônia. Após pressão do movimento sindical dos trabalhadores rurais, a ASCOPE, então associação hoje cooperativa, localizada no Lago do Engenho, Distrito de Novo Remanso, Itacoatiara, acessou pela primeira vez o Crédito Rural.

A partir daí, as comunidades começam a se formalizar, criando a personalidade jurídica necessária para acessar créditos associativos. Antes, apenas as cooperativas tinham este acesso.  De lá para cá, cresceu o número de associações legalizadas e as suas relações com o ambiente público, contribuiu para o aumento de número da tal forma que hoje, em todo município, deve ter pelo menos uma em funcionamento seja agrícola, de extrativistas, de pescadores, de indígenas ou mistas.  

O desafio agora é como essas organizações vão interagir com outras de natureza igual ou assemelhado, para fazer girar o processo de funcionamento dos CMDRS`s? a resposta está com suas lideranças. Se em nosso Estado a criação dos CMDRS`s se deu por iniciativa e força dos governos federal, estadual e municipais, a continuação deles e a construção de novos, dar-se-á dependendo da convicção das lideranças, porque o poder público vai ficar onde sempre esteve: na sua.

Mas existe novidade neste campo. Lideranças começam a entender que não precisam de autorização de ninguém para se articularem, criarem formas de aumentar sua autonomia, independência, visibilidade e força política. 

Coisa de lideranças com visão de futuro.



 Fonte:

Por Estevam Ferreira da Costa

Superintendente de Pesca e Aquicultura /SEAP-MPA (2003-09)

 Articulador Territorial Manaus e Entorno (2014-15)


Blog Neidinha Maciel

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